terça-feira, 21 de julho de 2009

Varanda de Pilatos

Quem se dirige ao Farol do Cabo Carvoeiro tropeça inevitavelmente com a minúscula placa que aponta para a falésia : Varanda de Pilatos. E se a curiosidade for maior que a preguiça de sair do carro, vamos encontrar uma janela debruçada sobre o mar com a Berlenga ao fundo e a Nau dos Corvos a espreitar de esguelha. E não fora um inusitado e desconfortável odor resultante da falta de civismo de quem gosta de aproveitar estes locais para alívios fisiológicos de circunstância, poderíamos dizer que se trata de um local de encher o olho e a alma, tal é a sensação que dali se desfruta.
Confesso a minha total ignorância sobre a razão de ser do nome do lugar, embora não me pareça que o Pôncio, governador da Judeia em nome dos romanos nos primeiros anos da era cristã, tenha alguma coisa a ver com isso. Aquilo que retemos de Pilatos é um certo lavar de mãos quando a turba o levou a condenar Jesus Cristo à crucifixação e a libertar Barrabás, abdicando do que a consciência porventura lhe ditaria em nome do politicamente “correcto”, pelo menos para a altura. Acrescentaria eu que deu início a um ritual que se prolongou através dos séculos e que continua a ser seguido amiúde por muitos agentes, políticos e não só, dos nossos tempos.

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